Correr
é uma atividade que tem as suas dificuldades e prazer próprios, que são
partilhados por todos os que correm. Quando dois ou mais corredores se juntam
falam das suas corridas e gostam de trocar impressões sobre as suas
dificuldades, desafios e conquistas.
Portanto,
apesar de ser uma atividade de caráter principalmente individual (não
precisamos de ninguém para correr, saímos porta fora e aí vamos nós!), correr
também tem o seu quê de atividade de grupo. É por isso que as pessoas se juntam
para correr, informalmente ou em grupos de corrida mais ou menos organizados. É
também por isso, mas não só, que existem escolas e clubes de atletismo.
Perante
isto, há algo que me faz espécie quando corro e que é: o cumprimento entre os
corredores que se cruzam. Ou melhor, o não cumprimento! Passo a explicar.
Não
raras vezes cruzo-me com outras pessoas a correr – homens, mulheres,
adolescentes, pessoas mais velhas ou mais novas – muitos deles perfeitos
desconhecidos para mim, mas que faço por não ignorar. Isto é, à medida que nos vamos
aproximando, cruzando-nos na estrada, vou olhando à espera de ser olhado para
poder trocar um cumprimento com esse corredor(a). O cumprimento não é nada de
especial, é um acenar com a cabeça ou com a mão, mas que reflete a
identificação com a outra pessoa pelo facto de partilharmos esta atividade
fantástica que é correr!
Ora,
é com algum espanto que verifico que por vezes sou ignorado! Acontece que ali
vou eu, procurando o momento mais apropriado para o tal aceno de cabeça ou de
mão e, na hora do cruzamento, vejo que o outro corredor segue em frente sem sequer
olhar para mim.
Sei
que alguns poderão ir distraídos, entregues aos seus pensamentos e outros irão
perdidos nas playlists que sempre os acompanham quando correm.
Então
e os outros? Após muito ponderar e pensar só encontro uma explicação: sentem-se
intimidados pelo meu porte atlético, pelo meu alucinante ritmo de corrida, pela
minha figura esguia que faz adivinhar um recordista e um vencedor em cada prova
em que participa!!