Com um fim de semana pela frente em que posso dispor do
tempo a meu bel-prazer, hoje de manhã abalei a caminho da Biblioteca Municipal.
Talvez se fosse em qualquer outro fim de semana teria ido de carro para me
despachar, mas hoje não havia pressas e o tempo também merece ser saboreado sem
parcimónia, como aliás sinto tanta falta nestes dias de constante correria e
atividade.
Assim, lá coloquei os auriculares nos ouvidos, liguei o
rádio no telemóvel e pus-me a caminho, desfrutando do passeio com uma
temperatura agradavelmente amena e que explica tão bem porque tantos ingleses,
nórdicos, franceses e outros que tais escolhem este maravilhoso pedaço no sul
da Europa para viver.
Chegado à Biblioteca, em poucos minutos tinha na mão o livro
que fui requisitar. Ao regressar, em vez de fazer apenas o caminho de regresso,
optei por tomar a direção da praia da Batata atravessando a muralha que
circunda o centro histórico de Lagos por um arco debaixo do qual existe uma
pequena capela construída no século XIV em honra de São Gonçalo que é o santo
padroeiro da cidade de Lagos. Li a placa na parede que explicava precisamente
isto, li outra placa ali perto que explicava a origem daquele arco e dei comigo
olhando a estátua de Gil Eanes que estava apenas a cinquenta metros. Dirijo-me
para o Forte Pau da Bandeira e olho o mal calmo e tranquilo, observo uma
pequena lancha que vem rio abaixo seguindo na direção da Ponta da Piedade. Lá
mais à frente uma embarcação de recreio atravessa a baía em direção ao Sotavento.
De repente apercebo-me de que estou a ver Lagos como um
turista. Olho as construções, demoro-me a observar aquele mar imenso, bebo
daquela luz difusa que abraça toda a cidade, sinto o calor suave emanado por um
sol púdico que se escondia atrás de nuvens cúmplices da sua vergonha. Sinto-me
hipnotizar por uma serenidade que apenas nos é transmitida pelas coisas belas e
experimento mais uma vez, mas sempre como se fosse a primeira vez, a felicidade das coisas simples.
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