Aproveitando uma promoção na loja online da Fnac, comprei
aqui há uns dias 2 livros de José Rodrigues dos Santos (JRS). Não, não se trata
de nenhum dos seus romances, pois já os tenho todos. Os livros que comprei
foram Conversas de Escritores e Novas Conversas de Escritores.
Trata-se de 2 livros de entrevistas. Em cada um dos livros, JRS
entrevista 10 escritores mais ou menos conhecidos entre os quais temos, por
exemplo, Dan Brown, José Saramago, Isabel Allende, Luis Sepulveda e Sveva
Casati Modignani.
Já li o primeiro livro – Conversas
de Escritores – e devo dizer que, genericamente, gostei bastante das
entrevistas. No entanto, não posso deixar de dizer que a entrevista de que
menos gostei foi a de Gunter Grass. Achei-a maçuda e algo desinteressante.
Acho que foi assim porque, manifestamente, Gunter Grass, pese embora tenha sido
laureado com o prémio Nobel da Literatura, não se pode encaixar dentro dos
escritores “comerciais”, isto é, que escrevem bestsellers que são vendidos aos
milhões. Aliás, nas próprias palavras de Gunter Grass, “eu não sou um escritor
para entreter”.
Ora, surge aqui um ponto que gostaria de realçar e que tem a
ver com a diferença entre a literatura comercial e a grande literatura. Com
literatura comercial refiro-me aos grandes bestsellers, como por exemplo O Código Da Vinci de Dan Brown, O velho que lia romances de amor de Luis
Sepúlveda ou ainda Baunilha e chocolate
de Sveva Casati Modignani. Por grande literatura refiro-me aos Prémios Nobel da
Literatura e à literatura reconhecida pela “crítica”.
A literatura comercial tem um grande enfoque no contar uma
história, enquanto na grande literatura, pese embora também haja uma história
para contar, o enfoque maior está na linguagem utilizada pelo escritor.
Saramago refere, por exemplo, que o seu maior enfoque ao escrever está na
linguagem pois diz que, tal como o corpo humano é constituído em 70% por água,
um livro é feito em 70% pela linguagem utilizada. Mas, simplificando, a origem
da literatura não está precisamente em contar uma história?
Para mim, e esta é apenas a minha opinião e o meu gosto
pessoal, literatura é contar uma história que me emociona, que me entretém, que
me faz sonhar, que me leva a conhecer novos lugares e pessoas, que me ajuda a
perceber melhor a natureza humana com todos os seus dilemas.