sábado, 21 de maio de 2016

Os livros de José Rodrigues dos Santos

Desde que li O Codex 632 que sou fã dos livros de José Rodrigues dos Santos (JRS). Depois desse, li A Fórmula de Deus, depois A Ilha das Trevas, A Filha do Capitão e por aí diante. JRS tem 15 romances escritos, tenho-os a todos e já li 8 deles. Só não os li todos ainda por falta de tempo.

Se me perguntarem a razão porque gosto dos livros deste escritor, a resposta é simples: porque os seus livros têm a capacidade de entreter e informar.

JRS deu uma entrevista ao Jornal I, da qual gostaria de destacar as seguintes declarações:
  • "Não concebo a escrita de romances sem contar histórias"
  • "Quando fazemos uma coisa de que gostamos, nem é trabalho."
  • "Ter alguém que escreve livros que depois assinamos como se fossem nossos é um embuste..."
  • "A opinião mais importante para mim é a do leitor. para quem escrevo. Faz-me até confusão haver escritores que dizem que não escrevem para o leitor. Não escrevo para prémios nem para críticos, escrevo para os leitores."
  • "As pessoas são livres de pensarem o que quiserem."
Depois, acho simplesmente uma delícia o que diz sobre António Lobo Antunes e uma delícia ainda maior quando se refere elogiosamente a Miguel Sousa Tavares (que é de facto um grande escritor) e à obra Equador - foi precisamente este livro que marcou uma viragem no meu percurso como leitor.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Crónica da EDP Meia Maratona de Lisboa 2016


A EDP Meia Maratona de Lisboa 2016 foi a minha 7ª meia-maratona. A minha primeira meia-maratona tinha sido precisamente há 2 anos atrás, também a atravessar a ponte 25 de abril.

Para esta corrida este ano eu trazia um objetivo: correr os 21 km em menos de 1h56’. Acho que o objetivo não era ambicioso, senão vejamos: 2h19’, 2h06’, 2h02, 1h59’, 1h56’, 1h56’ – este era o meu historial de tempos na distância dos 21 km. Desde a primeira meia-maratona em março de 2014, tinha vindo sempre a melhorar o tempo, portanto parecia-me plausível querer baixar da 1h56’.

A corrida teve lugar no dia 20 de março, um domingo, e nós chegámos a Lisboa no sábado ao final do dia. Éramos um grupo de 9, ao chegarmos deixamos as coisas no hotel e fomos jantar. Ao terminar o dia, combinamos as horas de sair do hotel na manhã seguinte, para termos tempo de comer alguma coisa e apanharmos o comboio que nos levaria ao outro lado da ponte, até à estação do Pragal.

No dia da corrida, levados pelo comboio que apanhamos na estação de Entrecampos, chegados à estação do Pragal, lá seguimos aquele imenso manancial de gente que pareciam formigas alinhadas nos seus carreiros, como se algo invisível as comandasse.

Já no tabuleiro da ponte houve então tempo para tudo: tempo para andar por ali de um lado para o outro, tempo para sentar no chão ou num lancil e ficar a ouvir música, tempo para fazer xixi numa das casas de banho disponíveis, tempo para correr calmamente para diante e para trás aquecendo os músculos, os tendões e as articulações, tempo para arrefecer e ter que se voltar a correr, tempo para ver o helicóptero que nos sobrevoava filmando-nos com as imagens sendo transmitidas em direto pela RTP, tempo para fazer um último xixi e ficarmos, enfim, a apenas 15 minutos do sinal de partida.

Estava uma temperatura muito agradável, entre o frio e calor diria que estava mais para o calor que para o frio. Naqueles últimos minutos antes da partida, olhamos para o relógio várias vezes, esperando ansiosamente pelas 10h30 para começarmos a correr.

10h25, olha-se mais uma vez para o relógio, escuta-se as conversas das pessoas em redor. Cinco pessoas, mesmo à frente, combinam uma ida ao norte para a Meia Maratona do Douro Vinhateiro.

10h27, está quase, o helicóptero passa sobre nós mais uma vez, o speaker encarregue da animação diz para acenarmos e todos fazemos isso, mais para que o tempo passe rapidamente do que propriamente entusiasmados pelo ato em si.

10h29, não tarda nada estamos a correr, dá-se mais um pulo ou dois sentindo os músculos e também o nervoso miudinho que sempre antecede o tiro de partida.

10h30, a multidão começa a avançar e percebemos que o tiro de partida já soou, pese embora não o tivéssemos ouvido. Ainda demoramos uns minutos a cruzar a linha de partida e então começamos a correr, devagar ainda, mas já é melhor que estar parado.

Nesta prova tinha decidido correr sem olhar para o relógio, tal como tinha feito na última Corrida do Tejo, bem como na última Corrida de São Silvestre. Tal como fiz nessas provas, iria correr apenas ouvindo o corpo, não me deixando influenciar pela informação do relógio de pulso.

A partida nesta prova é sempre difícil dado o elevado número de participantes, mas penso que a partir do meio da ponte já se corria a um ritmo mais ou menos decente (entre 5’30’’ e 6’ por km).

Já do outro lado da ponte, por volta do 8 km, começo a sentir bolhas em ambos os pés. Tinha comprado recentemente ténis, não era a primeira vez que corria com eles, mas era inegável que as bolhas ali estavam e em ambos os pés! Prossegui a pensar como é que me ia aguentar durante mais 13 kms se já estava a sentir bolhas nos pés.

Também, mais ou menos por esta altura, começo a aperceber-me de que tinha arrancado depressa demais para quem ia correr 21 kms e não 10 ou 15. Começam a passar-me todo o tipo de pensamentos pela cabeça, sendo o da desistência da prova o mais radical de todos.

Levado por aquele rio de gente que parecia correr sem razão, como se todos tivessem sido previamente programados para o fazerem, continuei e por volta do 13 km cedi: encostei-me ao lado, deixei de correr e passei a andar apenas. Andei cerca de 600 metros, o que me permitiu arrumar ideias na minha cabeça e descansar um pouco. Claro está que, logo ali, deixei cair por terra o objetivo de fazer a prova em 1h56’.

Enquanto caminhava ia olhando para os corredores que passavam por mim e procurava identificar alguns daqueles que tinham vindo comigo a Lisboa para esta prova. Eles passavam às dezenas, parecia ser difícil olhar para todos, mas a cor das camisolas iria ajudar de certeza, só tinha que estar atento a camisolas rosa escuro. Bastava-me identificar um, colava-me e iríamos juntos até ao final.

Infelizmente não consegui identificar nenhum amigo, nem um! Lá teria que fazer o resto da prova apenas baseado na minha determinação, na minha força de vontade e na minha decisão de terminar.

Recomecei a correr, mas a um ritmo bastante abaixo daquilo que tinha feito até ao 13 km. O objetivo já só era terminar, o resto já não importava.

As bolhas não me davam tréguas, mas já tinha passado o ponto de não retorno e, portanto, restava-me apenas esforçar-me para chegar o mais depressa ao final. Quanto mais rápido terminasse, mais rápido daria descanso às pernas, aos pés, a tudo!

Quando estamos no estado de espírito em que eu estava, o 17,5 km é muito duro. É aquele ponto em que voltamos para trás em direção à meta, de onde viemos, e pensamos “agora, tenho de fazer isto tudo de volta até terminar”.

Mas tinha de ser e, como diz o povo, o que tem de ser tem muita força. Faltavam 3,5 km, não era? Portanto, era 3,5 km que eu tinha de correr. De facto, aqueles últimos 2 kms, não tendo sido brilhantes, foram os menos maus de entre os piores.

Chegado ao fim, ficaram para a posteridade 21 km corridos em 2h05’22’’.