sábado, 25 de fevereiro de 2017

Paixão pelo que se faz

Há uns dias atrás a minha filha de 14 anos, falando de Os Lusíadas, que está a dar na disciplina de Português, disse «Pai, já viste, Luís de Camões contou a História de Portugal tudo em poesia, em poemas de oito versos com dez sílabas cada um!»

Não consegui dissociar o tom de admiração com que a miúda disse aquilo da maneira calorosa, empenhada e apaixonada de dar aulas da Professora de Português deste ano, o que vem mostrar que no ensino, como em tantas outras coisas na vida, a entrega a algo nem sempre se traduz em resultados quantificáveis, mas não passa despercebida a quem a presencia.

É como comer comida em que o tempero fica aquém da pitada certa de sal. Está tudo lá, não falta nenhum ingrediente, mas falta algo para estar perfeito. É a diferença entre o bom e o excelente. É assim a paixão pelo que se faz. Como dizia Pessoa, por meio do seu heterónimo Ricardo Reis, «Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. // Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. // Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.»   

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