domingo, 5 de março de 2017

Crónica de uma morte anunciada



Título: Crónica de uma morte anunciada
Autor: Gabriel Garcia Marquez
Editora: D. Quixote
Nº de páginas: 107


SINOPSE

Vítima da denúncia falaciosa de uma mulher repudiada na noite de núpcias, o jovem Santiago Nasar foi condenado à morte pelos irmãos da sua hipotética amante, como forma de vingar publicamente a sua honra ultrajada e sob o olhar cúmplice ou impotente da população expectante de uma aldeia colombiana: é esta a história verídica que serve de base a este romance, e que, logo nas suas primeiras linhas, é enunciada.


AS MINHAS OBSERVAÇÕES

Já fazia algum tempo que estava para ler qualquer coisa de Gabriel Garcia Marquez (GGM). Por duas razões: primeiro, porque nunca tinha lido nada deste escritor (esta será sempre uma razão válida para se querer ler algo de um escritor que ainda não se conhece) e, segundo, porque, durante a minha vida de leitor, sempre vivi com a sensação de que não poderia passar ao lado de GGM. Isto é, eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, a sua escrita me encontraria. Uso esta expressão «a sua escrita me encontraria», pois acredito que quando levamos a leitura a sério são mais as vezes que a escrita de alguém e os seus livros nos encontram do que o contrário.

Não posso deixar de referir que a leitura de Crónica de uma morte anunciada nesta altura foi forçada por outra razão: o facto de a minha filha de 14 anos ter que ler o livro no âmbito da disciplina de Português de 9º ano. Assim, acabei por juntar o útil ao agradável – poder ajudá-la na análise ao livro e ter a minha primeira leitura de GGM.

Em O Labirinto dos Espíritos de Carlos Ruiz Zafón uma das personagens diz o seguinte «Na literatura só existe uma questão verdadeiramente importante: não o que se narra, mas como se narra. O resto é decoração.» Acho que este livro de GGM ilustra de um modo praticamente inequívoco esta frase de Zafón. Na minha opinião, a história verídica que serviu de base a este livro tem muito menos de surreal do que a maneira como GGM a conta. Veja-se que logo nas primeiras linhas é anunciada a morte do personagem principal, Santiago Nasar, e ao longo do livro esse acontecimento aparece como que suspenso por fios tão ténues que parece que não vai acontecer, tão absurdo o conjunto de factos e circunstâncias que permitiram a sua consumação.

Sobre este livro, GGM disse que conseguiu escrevê-lo exatamente como queria. Se o que GGM queria era um relato com capacidade de prender o leitor levando-o a acreditar que o inevitável não vai acontecer ao ponto de quase se sentir enganado no final, penso que o objetivo foi alcançado.   

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